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Manejo de Efeitos Adversos em Acupuntura: Protocolos de Ação para o Profissional

  • Foto do escritor: Dr. Sergio Akira Horita
    Dr. Sergio Akira Horita
  • há 4 dias
  • 3 min de leitura
Médico aplicando protocolo de ação para o manejo de efeitos adversos da acupuntura, demonstrando o preparo do profissional para garantir a segurança do paciente

A competência na prática da acupuntura não se mede apenas pela habilidade de realizar o tratamento, mas também pela capacidade de responder de forma rápida, calma и eficaz a qualquer intercorrência. Embora a incidência de efeitos adversos graves seja extremamente baixa, a prontidão para manejá-los é o que distingue o profissional preparado.

Este artigo apresenta protocolos de ação claros para os efeitos adversos mais comuns e para as complicações raras, porém graves, que podem ocorrer durante uma sessão de acupuntura.


1. Manejo de Efeitos Adversos Leves e Comuns

Estes eventos não representam uma ameaça à saúde, mas exigem uma ação imediata para garantir o conforto e a confiança do paciente.


1.1. Síncope ou Lipotimia

Sinais e Sintomas: Palidez, sudorese fria, tontura, náusea, escurecimento da visão, sensação de desmaio.

Protocolo de Ação:

  • Remova todas as agulhas imediatamente. A segurança do paciente é a prioridade.

  • Posicione o paciente em decúbito dorsal (deitado de costas) e eleve seus membros inferiores. Isso aumenta o retorno venoso e melhora a perfusão cerebral.

  • Garanta a ventilação. Afrouxe roupas apertadas e, se possível, ventile o ambiente.

  • Comunicação: Mantenha a calma e tranquilize o paciente, explicando que é uma reação comum e passageira.

  • Monitoramento: Ofereça água e monitore o paciente até a recuperação completa dos sintomas. Não o libere até que se sinta totalmente estável.

Técnica Avançada (Opcional): A pressão firme no ponto VG26 (Renzhong), localizado no filtro labial, pode ser usada para acelerar a recuperação da consciência.


1.2. Sangramento ou Hematoma

Sinais e Sintomas: Saída de uma gota de sangue após a remoção da agulha ou desenvolvimento de uma equimose (mancha roxa) no local.

Protocolo de Ação:

  • Pressão Imediata: Após a retirada da agulha, aplique pressão firme e direta sobre o ponto com um algodão seco por 30 a 60 segundos.

  • Instrução ao Paciente: Informe o paciente sobre a possibilidade de surgir um hematoma, explicando que é uma ocorrência benigna e que será reabsorvido em poucos dias. Aconselhe a não massagear a área nas primeiras 24 horas.


1.3. Agulha Presa ou Curvada

Sinais e Sintomas: Dificuldade ou impossibilidade de remover a agulha; a agulha entorta durante a tentativa de remoção.

Protocolo de Ação:

  • Manter a Calma: A principal causa é a contração muscular involuntária. Peça ao paciente para relaxar e não se mover.

  • Não Force: Nunca puxe uma agulha presa à força.

  • Técnicas de Liberação:

    • Massageie suavemente a área ao redor da agulha para relaxar o músculo.

    • Insira outra agulha a uma curta distância para dispersar a tensão muscular local.

    • Peça ao paciente para contrair e relaxar ativamente o músculo.

    • Gire a agulha suavemente e tente retirá-la durante a fase de expiração do paciente.

Agulha Curvada: Se a agulha entortou, puxe-a delicadamente seguindo a direção da curvatura para evitar laceração do tecido.


2. Manejo de Complicações Graves (Emergências Médicas)

Estas situações são extremamente raras, mas exigem reconhecimento imediato e encaminhamento para um serviço de emergência. O papel do acupunturista não é tratar, mas sim estabilizar e REFERENCIAR.


2.1. Suspeita de Pneumotórax

Sinais e Sintomas: Dor torácica súbita e aguda (que piora com a inspiração), dispneia (falta de ar), tosse seca, taquicardia, ansiedade.

Protocolo de Ação:

  • Remova imediatamente a(s) agulha(s) da região torácica.

  • Mantenha o Paciente Calmo e em Posição Confortável: Geralmente sentado ou semi-sentado para facilitar a respiração.

  • ACIONE O SERVIÇO DE EMERGÊNCIA IMEDIATAMENTE (SAMU - 192). Informe a suspeita de pneumotórax iatrogênico por agulhamento.

  • Monitoramento: Monitore os sinais vitais (frequência respiratória e cardíaca) enquanto aguarda a ajuda. Não ofereça líquidos.


2.2. Suspeita de Lesão de Órgão ou Estrutura Nervosa

Sinais e Sintomas: Dor aguda, profunda e persistente no local do agulhamento; dor irradiada seguindo o trajeto de um nervo; surgimento de déficits neurológicos (parestesia, fraqueza).

Protocolo de Ação:

  • Remova a agulha imediatamente.

  • Avalie a Natureza da Dor e a Presença de Sinais Neurológicos.

  • Encaminhamento Urgente: Encaminhe o paciente para uma avaliação médica em um serviço de emergência para diagnóstico por imagem e tratamento especializado.

  • Documentação: Documente detalhadamente o ocorrido, os sintomas relatados e o encaminhamento realizado.


Princípios Gerais Pós-Evento

Comunicação Transparente: Seja honesto com o paciente sobre o que aconteceu, as medidas tomadas e o prognóstico. A confiança é mantida com transparência.

Documentação Rigorosa: Registre todos os eventos adversos, mesmo os leves, no prontuário do paciente. Detalhe o evento, a sua intervenção e a resolução. Isso é fundamental para a proteção legal e para a melhoria contínua da sua prática.


Referências bibliográficas:

  1. MACPHERSON, H. et al. The York acupuncture safety study: prospective survey of 34 000 treatments by traditional acupuncturists. BMJ, v. 323, n. 7311, p. 486-487, 2001.

  2. WHITE, A. A cumulative review of the range and incidence of significant adverse events associated with acupuncture. Acupuncture in Medicine, v. 22, n. 3, p. 122-133, 2004.

  3. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guidelines on basic training and safety in acupuncture. Geneva: WHO, 1999.

  4. ZHAO, L. et al. The 2011 survey of acupuncture adverse events in a Chinese hospital. Acupuncture in Medicine, v. 31, n. 2, p. 157-164, 2013.

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